À beira de um precipício
Paro e escuto o meu coração
Inquieto ele se sente
Pela inconstante racionalidade
Que o atormenta desde o início
O som de cada estação
É minha escolha voar ou ficar
É minha escolha sentar ou caminhar
Não é minha escolha sentir ou amar
Se quiser continuar a sonhar
A voz do coração diz-me para ficar
Voando por onde ele quer voar
E estreitos caminhos irá encontrar
Se não se permitir dançar
À beira de um precipício
Paro e escuto o meu coração
Procuro um silêncio com sábias palavras
Que entrem sussurrando e descansando
Trazidas pelo temperamento do vento
Cantando ao som de cada estação
Patrícia Pimenta
09/11/2008
Voz do Coração
Momento
Tudo se evapora, tudo se desvanece
Sentimentos de satisfação e libertação
Nada mais existe
Não há responsabilidades nem obrigações
Não há compromissos nem limitações
É um mundo diferente
Onde os sentidos ficam apurados
E entrelaçados por um momento
Um momento onde extravaso aquilo que sou
Um momento onde me sinto plenamente eu
De onde saio sem qualquer remorso
De onde saio sem qualquer desilusão
Patrícia Pimenta
20/07/2008
Ousar
A coragem que temos para correr atrás dos nossos sonhos dignifica-nos. Os obstáculos tornam-nos mais fortes se ousarmos ultrapassá-los. E o amor é o nosso maior aliado. A arma mais poderosa que nos acompanha, fortalece e nos enche de esperança, mas também que nos enfraquece e nos atira para a linha entre a racionalidade e a loucura. Uma linha ténue e facilmente transponível. Poderemos ser racionais, mas um pouco de loucura dará a condição sublime para, mais do que sobreviver, se viva, se sinta, se toque, se respire, se ouça, se ame.
Patrícia Pimenta
30/10/2008
(In)Certo
Sopramos segredos
Em palavras vãs que se escorrem no tempo
A claridade da luz
Não permite ver para além do necessário
Estranho seria
Se um dia, por breves instantes
Tudo ficasse claro
Deleitando um rio límpido e translúcido
Por onde as rochas desmaiadas
Assombrariam um passado
Nos campos, (de)lírios ficariam
Desejando que o vento os levasse
Não por desproveito ou insanidade
Mas por ensejo do que a nós é único
Tornando a realidade
Numa eloquente verdade
Jamais choraria
Num futuro irrequieto
Relembrar de um passado
Proveitoso e secreto
Talvez se torne aberto
Talvez se perca no tempo
Mas a certeza
É que um dia, o dia foi dia
De ter a alegria de passar pelo incerto
Tamanhas rosas
Não permitem ofuscar
A serenidade e a paz atingida
Quando, a par da lucidez
Se junta a insensatez.
Patrícia Pimenta
05/10/2008